A agressividade infantil é algo que precisa ser entendido sob duas vertentes: o hábito normal para a idade da criança ou a incidência de algum transtorno. Ao longo do artigo vamos delineando esses caminhos de abordagem segundo a visão da Neurociência. É importante que todos fiquem atentos aos detalhes para saber lidar com as eventuais crises dos baixinhos.
Situações corriqueiras
Não é novidade para ninguém que os pequenos costumem fazer aquela pirraça básica quando vocês precisam sair do clube, do parquinho; quando eles têm que largar alguma brincadeira para tomar banho ou então no momento em que sentam à mesa para almoçar. Muitas vezes eles até levantam a mãozinha para dar um tapa nos adultos e em outras crianças. Enfim, os casos são vários.
Embora exista um número acentuado de pais e mães que entendam esta reação, é verdade que há muitos adultos que se desesperam por não saber contornar a situação. Não são poucos os responsáveis que enxergam essas crises como gesto de criança mimada. No entanto, esse equívoco precisa chegar ao fim.
Necessita-se entender que essa reação é intrínseca ao desenvolvimento e à elaboração do mundo das crianças. De acordo com a Neurociência, essa atitude está ligada diretamente às funções do cérebro, que se encontra em evolução.
O que dizem as pesquisas?
Os estudos explicam que os pequenos nascem com o neocórtex ainda em formação. Vale dizer que essa área do cérebro é a responsável pela reflexão, pensamento e solução de problemas que surgem em nossas vidas. No caso das crianças, o neocórtex pode entrar numa espécie de choque (atrito) enquanto seu desenvolvimento ocorre. Isso é responsável por ocasionar os episódios de agressividade infantil, acompanhado de choro e raiva; tal como conhecemos e presenciamos.
As pesquisas apontam que o neocórtex corresponde a aproximadamente 85% do cérebro. Além disso, ele é responsável por capacidades de extrema importância como pensamento analítico, reflexão, imaginação, planejamento e solução de problemas. Entretanto, é válido dizer que nos primeiros anos de vida, essa região conta com a falta de conexões suficientes entre os neurônios que existem no cérebro.
Por que acontece a agressividade infantil?
Ela é impulsionada pela ativação de áreas primitivas do cérebro, que podem ser causada por alguma situação que envolva angústia, medo ou separações bruscas, seja ocasionado pela distância de uma pessoa, de um objeto ou de um episódio, por exemplo.. Em outras palavras, a agressividade infantil pode ser encarada como a manifestação da emoção no comando de uma situação que traz certa insegurança na criança frente aos desafios.
Mas todo caso de agressividade infantil pode ser encarado com normalidade?
Não. É preciso estar atento a alguns detalhes. Muitas vezes, a agressividade pode ser, na verdade, algo mais sério. O Transtorno Opositivo-Desafiador é um desses casos que precisam de atenção maior e de tratamento.
O TOD é algo mais sério para ser lidado, pois não se trata de algo que possa ser solucionado com uma conversa. Importante relembrar que o TOD é caracterizado como uma condição no qual a criança adota uma postura de teimosia frequente, hostilidade e lado desafiador (como o nome já mostra). Não há ainda na literatura médica algo que mostre sua causa, mas sabe-se que o ambiente ao qual o pequeno está inserido pode ser crucial para influenciá-lo.
A diferença entre a birra e o TOD está na intensidade, uma vez que a primeira situação ocorre em determinados momentos e a segunda, em praticamente todos. É imprescindível que os pais levem a criança ao auxílio de um especialista a fim de providenciar as intervenções mais adequadas.
Dr Clay Brites